Minha mãe venceu a Covid-19 e voltou para casa

A angustia até permanece, mas não assusta mais. Passou apenas a ser uma presença vazia. Depois de 10 dias internada, minha mãe voltou para casa hoje. Ela está vencendo a Covid-19.

Há poucos dias mergulhamos nesse mundo desconhecido e, depois da confirmação da doença, o mundo girou para nossa família. Muito além da seara de consultas e exames, a internação, por baixa oxigenação do sangue da paciente, é o início da segunda fase de um sofrimento e outros incômodos começam a surgir.

O que acontecerá? Como teremos notícias? Afinal, não se pode entrar e nem permanecer lá. Aí vem a primeira surpresa boa, o esquema de internação da Unimed, no Pronto Atendimento de Síndromes Respiratórias é muito eficiente.

Eles realmente dão importância a minimizar a ausência da presença e atendem de todas as formas, inclusive telefonam uma vez ao dia para falar do paciente. Perfeito. Um protocolo de procedimentos humanizados. Empatia total. Rolou até a fotinha que ilustra esse artigo.

Outro alento foi conseguir deixar o aparelho celular com ela e assim ficou a falsa sensação de ter contato com ela, até porque ligar e não ser atendido levanta uma centena de dúvidas. Será que está pior? Será que aconteceu algo? A última notícia preocupou. A saturação de oxigênio no sangue chegou a cair para 79, o que é muito baixo.

E falar por vídeo? Quando atende e não pode falar por estar com o uma máscara de oxigênio sobre a boca, o soro constante no braço e a fraqueza para segurar o celular, ai a agonia é grande também. Então não sei o que é melhor, até esta fase. Mas, o que mais esperávamos aconteceu, a evolução gradativa começou a acontecer.

A médica liga e fala que fizeram mais exames e puderam reduzir o suporte de oxigênio. Ufa! A redução é de quase 25%. Isso significa que ela reagiu. Mais um dia passou e finalmente a máscara respiratória sai e entra a ventilação pelo nariz. Desta fase para a próxima passou-se mais um dia. Finalmente ela sai do tratamento da ala mais intensiva e vai para um apartamento.

Daí, voltar para casa foi uma questão de tempo. Um longo tempo, mas já podemos dizer que ela venceu a Covid-19 e agora este caso é mais um número nas estatísticas positivas dessa realidade triste. Não sei quando isso acontecerá totalmente, a recuperação, mesmo em casa ainda requer cuidados, mas aparentemente está próximo. Pelo menos está em casa, animada e bem feliz.

Apoio

Em paralelo a tudo isso, uma onda gigante encheu nossos corações. As mensagens de apoio fervilharam as nossas redes sociais nestes dias de angústia. Agradeço imensamente a todos que dedicaram alguns minutos de suas vidas para esse fim.

O primeiro texto que escrevi aqui no meu blog tinha o objetivo inicial de dizer para todas as pessoas que o acessassem, que essa doença precisa ser respeitada e que só assim poderemos voltar à vida normal logo. A colaboração de todos é fundamental. No entanto, o texto tomou outras proporções e acabou sendo o anúncio de que minha mãe estava com Covid-19.

Nos primeiros momentos desse encontro com o desconhecido nada parece colaborar, mas garanto que as boas energias e orações de todos fizeram a diferença. Obrigado.

Realidade

Como eu disse no primeiro texto, vivemos nesses dias um novo novo. Porque o novo normal já é normal, até você viver ele e saber a importância exata da necessidade de tudo que as autoridades falam. Mergulhar nos problemas desse momento é angustiante. Não ter as certezas, não ter o remédio, não ter o imediatismo dos atendimentos é frustrante. Ter que lidar com esse inimigo invisível é diferente.

Então, fica a dica: seguir as regras não é uma escolha, é obrigação. Se não é por você, que seja pelo outro. Se você não respeita o outro, não deveria ter o direito de viver em sociedade. Deixe para ser rebelde quando uma vacina surgir, assim você não diminui o tempo de vida de ninguém. Fora todo o transtorno que tem causado às famílias, aos negócios e aos sonhos de quase todos.