Morro do Ernesto é sinônimo de aventura pertinho de Campo Grande

Para chegar lá no alto é preciso coragem. É difícil vencer a própria resistência e cumprir a tarefa de percorrer cerca de mil metros de uma subida desfiadora, com ganho súbito de elevação de mais de 100 metros. Ainda mais de bike, depois já ter percorrido 22 quilômetros de distância.

Na beira do abismo, no mirante do Morro do Ernesto, agora posso exibir o troféu da conquista, uma foto com direito a bike erguida como sinônimo de vitória mesmo. A temperatura de cerca de 35 graus e a umidade relativa do ar não chegando nem a 25 por cento desperta atenção, até a natureza mostra claramente que também está em sofrimento, com a vegetação seca e a visibilidade à longa distância está prejudicada pela fumaça, mas nada tira o brilho do momento e do lugar.

O vento sopra quente até na sombra. Respiro fundo e curto a conquista com mais dois amigos que também toparam a aventura deste sábado cedo de um setembro seco, em busca de diversão e atividade física em Campo Grande-MS.

Ficamos por ali alguns minutos, olhando, fazendo fotos e recompondo o corpo depois de um estresse momentâneo de esforço para subir o morro. Demorar estava fora cogitação, afinal ainda tínhamos que chegar à cachoeira e depois percorrer os outros 22 quilômetros de retorno. Sem esquecer que, somado a isso, ainda estava a distância até a cachoeira e o obstáculo de que o percurso de regresso é em elevação.

Estamos acostumados, há meses pedalamos em percursos variados, asfalto, areia, pedras, morros, contra o vento, etc. Do hábito já tenho colhido os frutos de não fazer tanta conta sobre as distâncias e agora até já percebo que subidas também não fazem mais tanta diferença no percurso. Chuva, sol, todas essas dádivas da natureza só tornam o pedal mais divertido.

Voltando ao Morro, quero dizer que me motivei a escrever este texto aqui no meu blog porque fiquei muito surpreso e feliz em encontrar o Morro do Ernesto bem diferente do que eu conhecia há cerca de três anos. O lugar agora enche os olhos desde a entrada até lá em cima. O Morro do Ernesto é um espaço comercial de day use e custa apenas 20 reais. É um prato cheio para trilheiros, esportistas, amantes do ciclismo e também famílias e amigos que buscam uma aventura rústica, rápida e pertinho da cidade.

Para nós, chegou a hora de voltar, iniciamos a descida. As primeiras freadas mostram que não seria tão simples, as pedras e as irregularidades não permitiam aderência aos pneus. Vou pegando o ritmo e assim que me acostumei ao movimento fui liberando velocidade e claro, tive o batismo de chegar ao chão de maneira abrupta. Caí mesmo. Faz parte, mas eu estava mergulhado naquele ambiente e realmente foi só uma chegada rápida ao solo, sem ferimentos e sem danificar o equipamento.

Lentamente, nos aproximamos da segurança da planície e ficou só a sensação de ter cumprido o desafio de chegar lá no alto e sentir a paz e a energia do local. A respiração agora abre os pulmões. A adrenalina está alta. Hora de seguir para o nosso segundo e último destino, a cachoeira. Mais uma boa pedalada com direito a subidas e descidas, até finalmente chegar à cachoeira dos degraus.

Para nossa surpresa, a infraestrutura conta até com food truck, bem no meio de um campo, embaixo de uma árvore. Um refresco para os olhos no meio de um mar de calor. Hora de repor o estoque de água e nutrir o corpo com uma água de côco. Perfeito. Vamos para a cachoeira. “Água em pedras é sempre fria”, lembrou o comerciante com sabedoria. Não deu outra, mesmo com sol escaldante, a água parecia escorrer de um morro congelado. Perfeito para quem queria um refresco.

Revigorados, saímos do último ponto de nossa conquista para o destino final, Campo Grande. Os aplicativos de monitoramento já registravam cerca de quatro horas de atividade e agora era a hora do retorno. Quase uma hora fora da previsão inicial, mas tudo que encontramos e vivemos ali nos tomava de alegria e isso não importava mais. Seguimos para a saída e lá nos preparamos para encarar o retorno.

Nas primeiras pedaladas percebi que nossas sombras estavam sob os nossos pés, o significava que era o horário mais quente desse dia de extrema secura. Alguns pensamentos pessimistas tomaram conta. Um dos amigos chama atenção para manter os pensamentos positivos que sempre nos acompanham, para com isso, garantir a nossa chegada no ponto final.

Nos primeiros mil metros, um parceiro desiste. Decidimos então que ele voltaria e que faríamos seu resgate logo após chegarmos. Pedalamos mais uns cinco quilômetros e o parceiro que ficou para trás, passa por nós de carona numa camionete. O lado bom disso é que não teríamos mais que voltar para buscá-lo, mas para nós ainda havia cerca de 15 quilômetros. Mandamos ver nos pedais. Subimos, subimos, descemos e subimos mais e mais.

Paradinhas para hidratação extra e assim que o sinal de celular voltou, ligamos para as esposas para avisar que a aventura estava atrasada, mas que estávamos bem. Pouco depois pegamos a última reta e logo chegamos aos carros.

Esse era o nosso destino final, esse foi o troféu da nossa aventura e comemoramos com alegria, mais esta conquista.

Fim da aventura. Além das lembranças de um dia diferente, fica aqui o registro de que temos em Campo Grande um lugar espetacular para quem gosta desse tipo de esporte. O local é digno de entrar no roteiro de todos que gostam de um lugar ao ar livre, mesmo que seja só para contemplação. Vale a pena, inclusive ver o pôr do sol no Mirante do Morro do Ernesto. Garanto: o Morro do Ernesto é sinônimo de aventura pertinho de Campo Grande.

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