Chegamos à era da sabedoria
É pouco provável que cheguemos a viver sem relações de carne, olho no olho, ou até de alma. As emoções, os sonhos, os pensamentos, o ato em si de tudo que fazemos estará sempre presente na essência, mas temos que admitir que tudo está mudando muito rápido.
Arrisco dizer que, em cinco anos, tudo que não está inserido na lista elencada anteriormente, estará transformado. Hoje, posso até dizer que o que vivemos já pode ser diferente amanhã, tal qual profetizou Heráclito de Efeso: “Nenhum homem pode banhar-se duas vezes no mesmo rio… pois na segunda vez o rio já não é mais o mesmo, nem tão pouco homem!”
Vemos isso acontecer na comunicação. Não é tão novo, mas o fenômeno do telefone celular está mudando a natureza da interação social. Tudo é tão rápido que, a cada novo acontecimento, vemos uma nova conexão preenchendo uma lacuna ou transformando um processo já utilizado exaustivamente. O aparelho é só um meio, as novidades estão sempre em seu uso.
A cada evento, um novo fenômeno acontece. A cada tragédia, uma nova maneira de agir e saber dos acontecimentos ocorrem. A cada eleição, uma nova surpresa. Com tudo isso, é cada vez mais difícil prever exatamente como agir na próxima situação. Quase todos que leem este texto já estiveram diante de uma televisão para aguardar o noticiário do dia para se atualizar. Isso já foi, já passou. Chega a era da sabedoria. Não basta mais ter conhecimento, é preciso ter sabedoria na condução daquilo que antes era certo.
Para ilustrar a diferença entre conhecimento e sabedoria, lembro-me sempre das vezes em que vejo automóveis parados em via pública de faixa branca, com pisca-alerta ligado e com o triângulo de sinalização exposto próximo à traseira do veículo. Colocar o triângulo e ligar o pisca-alerta do carro é conhecimento, está entre as regras de trânsito sinalizar um veículo com problemas mecânicos. O problema é que os veículos, aos quais me refiro, são aqueles parados em local permitido, em vias públicas urbanas, com guia branca bem demarcas, nas quais é indiferente sinalizar se estão estragados ou não, considerando que, caso o carro estivesse em perfeito funcionamento, estaria no mesmo lugar e estacionado completamente certo.
Na comunicação, receitas de bolo nunca deram muito certo e, no mundo contemporâneo, dão menos ainda. As mudanças, hoje, acompanham os diferentes usos sociais dos aparelhos, e a onda segue o fluxo sugerido pela massa que o consome, exemplo disso são os casos de Fake News. Temos tudo na palma da mão e dedicamos horas do nosso dia a manipular o aparelho em busca de informação, diversão, entretenimento, comunicação, orientação, compras, enfim, tudo. O processo existe, é vivo e evolui diariamente.
O desafio está nas mãos daqueles que trabalham a comunicação e precisam passam do conhecimento para a sabedoria. Como disse no começo, talvez, não cheguemos a viver sem relações de carne, olho no olho, ou até de alma, portanto a busca pelo acerto no processo de comunicação deve, com toda certeza, passar por este universo subjetivo.